COVID-19 PODE SER CONSIDERADO DOENÇA OCUPACIONAL

Notícias • 06 de Maio de 2020

COVID-19 PODE SER CONSIDERADO DOENÇA OCUPACIONAL

A decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal que suspendeu a aplicação de dois artigos da MP 927/2020, tem proporcionado certa confusão quanto a interpretação de seus efeitos, em especial, o art. 29.

O artigo 29 da Medida Provisória dispõe:

“ Os casos de contaminação pelo coronavírus ( covid-19 ) não serão considerados ocupacionais, exceto mediante comprovação do nexo causal.”

O texto normativo do artigo estipula que não seriam considerados acidentes de trabalho a contaminação pelo novo coronavírus sem que houvesse a comprovação de conduta e resultado (nexo causal).

A partir da adoção de medidas que visam à limitação de circulação de pessoas em atividades que demandem aglomeração de pessoas e o consequente risco de contágio acabou por definir determinados grupos de empresas e profissionais que compõe os denominados serviços essenciais e que mantém suas atividades justamente por esta característica.

Tais atividades envolvem o fornecimento de bens e serviços que são considerados essenciais, inclusive aqueles que se dedicam ao atendimento específico da área da saúde.

A suspensão dos efeitos do artigo 29 visa justamente preservar os profissionais que mantém suas atividades mesmo por determinação de isolamento pelas autoridades médicas e sanitárias. Medidas tendentes a evitar a propagação da Covid-19 nos locais de trabalho têm merecido especial atenção, principalmente em equipamentos de proteção específicos, pelo alto grau de contágio apresentado pelo vírus.

A suspensão dos efeitos do artigo 29 não representa o entendimento de que todo e qualquer contágio pelo empregado seja caracterizado como acidente de trabalho, ou seja ,considerado ocupacional.

A própria legislação previdenciária estabelece, conforme dispõe o art. 21, Inciso III da Lei nº 8.213/91:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: III – a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;

A própria Previdência Social se incumbiu do pagamento dos primeiros 15 dias de afastamento do empregado contaminado, conforme disposições do Ato Declaratório Executivo 15 – CODAC.

Portanto, a suspensão dos efeitos do artigo 29 não proporcionam mudanças substantivas na aplicação do texto da MP, exceto pra os casos onde houve o contágio de empregados no desenvolvimento de sua atividade profissional e por conta desta restou contaminado. Em suma, o nexo causal deve ser caracterizado na função e no ambiente de trabalho.

César Romeu Nazario

OAB/RS 17.832

Veja mais publicações

Notícias DCTFWeb – Transmissão direta da DCTFWeb poderá ser requerida em apurações do eSocial a partir de outubro/2021
13 de Setembro de 2021

DCTFWeb – Transmissão direta da DCTFWeb poderá ser requerida em apurações do eSocial a partir de outubro/2021

Foi publicado no Diário Oficial de hoje, 13-9, o Ato Declaratório Executivo 14 CORAT , de 10-9-2021, que dispõe sobre a transmissão direta da...

Leia mais
Notícias Hospital que mantinha câmeras de vigilância em área destinada a troca de roupas deve indenizar empregada por danos morais
12 de Junho de 2025

Hospital que mantinha câmeras de vigilância em área destinada a troca de roupas deve indenizar empregada por danos morais

Um hospital da região metropolitana de Porto Alegre foi condenado a indenizar uma auxiliar de higienização em R$ 13 mil por...

Leia mais
Notícias Contrato de aprendizagem – regras – estabilidade – aditivo
23 de Julho de 2019

Contrato de aprendizagem – regras – estabilidade – aditivo

A SIT – Secretaria de Inspeção do Trabalho, por meio da Instrução Normativa nº 146/2018, trouxe novo regramento para disciplinar os contratos de...

Leia mais

Assine a nossa newsletter e receba direto no seu e-mail nossas novidades.

Contato

Para enviar uma mensagem, preencha o formulário ao lado. Se você preferir, mande um e-mail para:

contato@nazarioadvogados.com.br

51 99102-4836

51 3594-6682